A verdade

Parece que não tem jeito. Ele não consegue ver além daquela beleza materialista. Ele não entende que dentro daquele molde de garota perfeita tem uma alma e um coração que guardam os sentimentos mais bonitos do mundo. Ela sente, e pela primeira vez ela descobriu isso. Até ela entendeu qual é o significado da palavra "dor", mas ele, parece estar distante demais para poder enxergar. As palavras, que antes eram somente palavras, agora são energias que alastram seu corpo, dos fios de cabelo até os pés, e fazem com que todos os pontos doam. Aquela dor parece insuportável, e o único jeito de tirá-la de dentro de si é transformando-a em água, que escorrem pelos lugares onde, normalmente, deveria reluzir. E então, as coisas começam a ficar embaçadas, o peito parece estar vazio e sem sangue para pulsar para o resto do corpo, as mãos e as pernas não têm mais forças para segurar o que sobrou daquela garota e a alma, parece ter fugido. Parece que falta ar para respirar e falta mais alguma coisa, mas esse sentimento de falta é permanente, ele não passa depois de uma noite de choro, como todos os outros. Mesmo com tanto sufoco, para continuar seguindo a vida, ele não consegue ver o esforço que ela faz para deixá-lo livre. Não é porque ela disse que não o queria mais que ela realmente não o queria, mas ele parecia não pensar assim. Ela o amava tanto, mas tanto, que preferiu deixá-lo ser feliz, sem dúvidas. Ela queria fazer suas próprias escolhas e deixá-lo fazer as dele. Ela não sabia se ter deixado ele ir foi um erro ou um acerto, porque o que ela sentia era a pior coisa do mundo e, por respeito ao seu ego, ela não deveria ter feito isso, mas por respeito a seu coração, ela fez. E quem seguir agora? O coração, que mandava ela voltar e falar tudo o que sentia? Ou seu ego, mente e amigos, que diziam que ela tinha feito o melhor e que daqui pra frente era só levantar a cabeça e fingir que nada aconteceu? Bom, ela sabia que tropeçar também era seguir em frente, mas ela estava cansada de viver aos tropeços, fazer as coisas sem pensar e cada vez mais cravar uma espada em seu peito. Talvez, até a espada doesse menos.